Você já fez seu auto-exame mensal dos seios?… Durante anos, ter de responder “não” a essa pergunta nos deixaria, a muitas de nós, no mínimo em situação desconfortável. Afinal de contas, sempre nos foi dito que o auto-exame mensal dos seios é uma das medidas que levam à detecção precoce e, consequentemente, à cura do câncer de mama.
Pois bem, a notícia – que já fora manchete em 2003 – foi confirmada recentemente numa revisão de estudos publicada em 16/07/08 por The Cochrane Library: o auto-exame mensal dos seios não reduz as taxas de mortalidade por câncer de mama, tendo pouca eficiência quando comparado com as descobertas de nódulos e outras anormalidades que a mulher (ou a pessoa com quem ela divide sua intimidade) descobre casualmente no seio.
A revisão Cochrane Collaboration>. 388.535 mulheres ao cabo dos quais se concluiu que não houve diferença estatisticamente significativa na mortalidade por câncer de mama entre os dois grupos. Os pesquisadores afirmam, por outro lado, que o auto-exame mensal deixou as mulheres ansiosas e ensejou muitas biópsias desnecessárias. <Para ler (em inglês) clique em
COMENTÁRIO MEU
Antes de tudo, é preciso ter em mente que as conclusões dessa revisão de estudos são de caráter estatístico e, pois, se aplicam à população como um todo e não a mim ou a você. Muitas mulheres continuam descobrindo um câncer de mama através do auto-exame mensal, e para milhões delas no mundo essa é a única forma que têm de descobrir alguns cânceres de mama antes que se tornem incuráveis.
Observe-se que os cientistas em nenhum momento disseram que as mulheres não devem apalpar os seios. O que eles disseram foi tão-somente que o fato de as mulheres fazerem o auto-exame dos seios de forma metódica e técnica, num determinado dia do mês, não reduz os números da mortalidade pela doença na população.
Patty Myers, advogada de pacientes do grupo Breastcancer.org, conta que, aos 20 anos, começou a fazer o auto-exame mensal, orientada pela mãe, que tinha história de câncer de mama familiar. Aos 28, descobriu um nódulo que os médicos não levaram a sério por ser ela ainda muito jovem. Não fosse por sua insistência, eles não teriam aprofundado os exames e descoberto que se tratava de um câncer. Foi operada e hoje está livre da doença. Vejam o que ela diz:
“Para mim, o BSE (Auto-exame das mamas) foi muito importante, porque mulheres de minha idade não fazem mamografia; esta não é coberta pelo plano de saúde. Eu tinha falado com meu médico sobre a possibilidade de me submeter a uma mamografia, e a recomendação que recebi dele foi começar aos 30 anos. Se eu não tivesse feito o auto-exame presumo que meu câncer não teria sido detectado até eu começar a me submeter a mamografias.” (Trad. do inglês – em ABC News Medical Unit, 16/07/08).
É verdade. Mulheres com menos de 35 anos não fazem mamografia de rastreio de câncer. Primeiro porque suas mamas são muito densas (compactas) e o mamógrafo dificilmente detecta tumores, igualmente densos, nessa situação. Segundo porque o câncer de mama é uma ocorrência rara nessas idades. 5% a 7% somente de todos os casos segundo a literatura médica mundial. O problema é que esse percentual vem aumentando, inclusive entre mulheres sem histórico familiar da doença. Leia, na Folha de S.Paulo de 5/08/06, em reportagem de Cláudia Collucci:
“A incidência do câncer da mama em mulheres abaixo de 35 anos quintuplicou no período de cinco anos, revela pesquisa do Hospital do Câncer de São Paulo. A maior prevalência da doença, principal causa de morte entre as brasileiras, ocorre a partir dos 50 anos.
[…]
Mourão Neto [mastologista do HC] diz que a grande preocupação é o fato de as mulheres jovens estarem excluídas dos programas de rastreamento. Ou seja, mesmo que tenha histórico familiar de câncer da mama, dificilmente uma mulher abaixo de 35 anos tem indicação para fazer mamografia ou ultra-som.
“’O tumor na mulher jovem é mais agressivo. Porém, as chances de cura são de 90% quando diagnosticado precocemente.’” <Folha de S.Paulo – Câncer da mama quintuplica entre jovens – 05/08/2006>
Por isso, além de aconselhar as leitoras com menos de 35 anos a fazerem um exame clínico e ultra-sonográfico de rastreio uma vez por ano (como acontece em outros países), recomendo que conversem com seus médicos sobre seus fatores pessoais de risco (fator de risco é tudo aquilo que aumenta a chance de uma pessoa vir a ter uma doença) e avaliem juntos qual é a melhor conduta a ser adotada no seu caso pessoal.
No que se refere ao auto-exame, concordo com a posição assumida pela Fundação (Belga) contra o Câncer ainda em 2003:
“Olhar suas mamas todos os meses (inspeção) e eventualmente tocá-las (apalpação) pode se inserir num processo de tomada de consciência que permite à mulher se habituar à sua estrutura, ao peso e ao aspecto ‘normal de suas mamas’. Toda mulher deve tratar desse assunto com seu médico assistente ou seu ginecologista [aí incluindo-se o mastologista]. Estes últimos podem recolocar o problema na sua justa perspectiva, de tal sorte que a paciente não se afobe à menor mudança, mas contacte seu médico.” (Trad. do francês L’actualité lue pour vous, http://www.cancer.be/)
A Sociedade Americana de Câncer, que sempre fora uma ferrenha defensora do auto-exame mensal, passou a considerá-lo “uma opção” , mas adverte: as mulheres que não o fazem devem continuar vigiando seus seios. Como? Olhando-se no espelho enquanto trocam de roupa, tocando-se quando estão deitadas e também durante o banho, pois a pele ensaboada facilita a apalpação (inclusive das axilas).
O italiano Umberto Veronesi – nome dos mais respeitados na mastologia mundial –, afirmou o seguinte numa entrevista concedida a Cláudia Collucci na Folha de São Paulo de 13/11/04:
“É muito importante que a mulher supere o pavor de apalpar a mama. Na Europa, de 50% a 60% dos tumores são descobertos pelas mulheres. É claro que, para tumores muito pequenos, a detecção só será possível com o uso da mamografia.”
Portanto, leitora, não se deixe confundir pelas notícias. Se sentir a presença de nódulo ou massa, secreção ou outra qualquer estranheza no seio – pouco importa que tenha sido ou não através de auto-exame mensal – contacte um médico. Geralmente trata-se de alteração benigna, mas é preciso checá-la, sem afobação, a fim de descartar uma eventual presença de câncer.
Maristela, parabéns o blog está muito bom.
Beijos.
[…] Auto-exame dos seios – Post 1: não se deixe confundir pelas notícias […]
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Tenho umas bolinhas na mama esquerda, bem na aquexila, já fiz a mamografia, graças a Deus não causou nada. Falei sobre as bolinhas, a moça fslou?pode ser de gorduras. Mas lhe pergunto pode ser?